Ai, que loucura de poder ser eu
Pois o que sou agora, não sou
O Carlos de outrora, foi-se, morreu
De coração, que por sofrer, cansou
Na fria tarde de chuva, a sepultura
E eu lá, quente, mas jaz morto
Num abismo em forma de escultura
Desenganado, deixei meu asco solto
Provei no passado veneno ranço
Que deixou meu sangue escurecido
Das noites gélidas ao pranto manso
Largou na vida um espírito adoecido
Do alto da fraga, é lá que dorme
Não é anjo, tampouco demônio
Nem deveras pequeno, ou enorme
É humano, em rede de plutônio
Na noite emudecida, gritei
Mas defunto, ninguém escuta
E eu que ali tremia, não sonhei
Pensava na criatura detrás da gruta
Em prosa, desço e subo
Viverei em ti, em memórias
Em teu corpo, bendito fruto
Embalsamei tremendas glórias
Se me veres a sorrir, corre!
Não sou mais, cansei de mim
Colhe suas asas e sobe
Mas não leve consigo a máscara de Caim
Carlos Eduardo de Sousa Júnior
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirNão há o que dizer quando as suas palavras já contemplaram o tudo que há em você. Perfeito! Pois somente quem já amou um dia sabe a benção e a maldição que é possuir a máscara de caim.
ResponderExcluirA Máscara de Caim, eu não vesti, e quero nunca vestir... E o amor...Nossa, acho que eu nunca amei de verdade, mas,com minha ultima namorada, cheguei muito perto do iceberg que é este sentimento, que de tão denso, não há nenhuma explicação lógica ou números que explique sua essência... Eu vejo este um pouco mais de perto, mas de fato, eu nunca amei...Será que um dia sentirei isto?
ResponderExcluir